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terça-feira, 3 de abril de 2012

Rezar em Sala de Aula pode?









"A atitude de uma professora que repreendeu um aluno ateu após ele permanecer em silêncio durante uma oração feita por ela causou polêmica em uma escola estadual de Minas Gerais. O caso ocorreu há duas semanas na escola estadual Santo Antonio, em Miraí, cidade de 13,8 mil habitantes que fica na Zona da Mata, a 335 km de Belo Horizonte. Quem discutiu com a professora de geografia foi Ciel Vieira, 17, ateu há dois anos. "Eu disse que o que ela fazia era impraticável segundo a Constituição. E a professora disse que essa lei não existia"."  (folha.com)



O fato acima chama atenção para a seguinte questão: É proibido rezar em sala de aula?

A Constituição Brasileira fala em Estado Laico que significa que o Estado não fará distinção de religiões e não serão administradas as competências públicas com base em preceitos religiosos. Contudo no próprio texto da mesma está escrito em seu preâmbulo: " Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL." Então o próprio Estado Laico se diz protegido por Deus em sua Constituição.

Em algumas escolas públicas de alguns estados e municípios existem disciplinas chamadas de "educação religiosa" onde geralmente se ensina sobre a bíblia, valores religiosos e Deus. Algumas chegam a ser verdadeiros catecismos. Outras escolas como a Escola Estadual Olavo Bilac em Sertânia -PE, participam das festividades da Igreja Católica do mês de maio, e durante todo o mês antes do início dos turnos costumam cantar músicas e fazem orações. A Escola Municipal Prof.ª Elza Luiza Esteves em Cuiabá - MT mantém em seus corredores vários murais com desenhos e mensagens do personagem "Smilinguido" que seria a "formiguinha de Deus".
O Brasil é um país de vasta diversidade cultural, mas também é bastante cristão, o povo brasileiro em sua maioria é apegado a suas práticas religiosas e é natural que as escolas também tenham uma tendência em reproduzir tais costumes e crenças. E alguns professores também costumam fazer menções ou utilizar mensagens religiosas para seus alunos. Tais práticas não são proibidas por Lei mesmo estando em locais de uso público como a escola, a Lei não proíbe as práticas religiosas e o Ministério da Educação até possui um projeto com a Santa Sé (país da Igreja Católica) para o ensino religioso em escolas públicas. 
Contudo os profissionais da educação devem saber que também não se pode obrigar os alunos a praticarem a religião, seja ela qual for. Que os responsáveis pela educação religiosa dos filhos são os pais ou família. O caso da reportagem citado causa polêmica porque a professora repreende o aluno por ele não querer rezar durante sua aula. A religião até pode fazer parte indiretamente da formação do aluno, mas o foco no caso da Educação deve priorizar os valores morais da sociedade, boas práticas com os demais indivíduos independente da crença religiosa e também no caso de ser uma disciplina trazer para o aluno informações sobre diversidade cultural e religiosa praticada por diferentes povos.
O correto é que mesmo que o professor queira fazer uma oração ou qualquer coisa parecida relacionada à religião, que se respeite a diversidade de opiniões em sala, e não se tente jamais fazer algum tipo de distinção entre os alunos, pois a prática religiosa não é reprimida seja ela qual for, seja cristã ou não, acredite em deuses ou não, o aluno não deve se sentir discriminado por sua crença e a escola deve impetrar valores que vão contra os mais variados preconceitos.
Deve-se também falar sobre os perigos da intolerância religiosa e sobre o respeito à prática religiosa da outra pessoa, ou seja permitir que os alunos discutam sobre o assunto mas que sobretudo respeitem quem acredita em alguma religião e que se respeite também quem não acredita em nenhuma. 

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