Quando falamos em aulas de matemática muitos professores condicionam suas aulas aos velhos amigos giz e quadro negro. E os projetos fazem parte dos recursos de ensino que dão um reforço na aprendizagem. Os projetos disciplinares individuais são ótimos pois ajudam os alunos a compreender melhor a disciplina estudada e como se aplicam os conhecimentos da sala de aula no dia-a-dia com a família, amigos, nas situações mais comuns. É fácil e bastante comum ver as aulas de ciências com projetos, principalmente com a "era ecologicamente correta", então os professores de ciências se setem mais motivados e a criatividade aflora.
Estamos na era globalizada, onde o conhecimento pede agilidade e não há uma especialidade apenas, foi o tempo em que cada profissional entendia apenas da sua área e não se via obrigado a compreender os mais diversos assuntos. O mundo mudou mas e a escola? Será que a escola acompanha essa mudança? Ou ainda estamos engessados em disciplinas que se separaram e não compartilham informação?
Os projetos interdisciplinares são uma ótima ferramenta de compartilhamento de informações na escola, mas além de pouco usados, o que falta nestes projetos, principalmente em matemática é criatividade nos temas. Vemos sempre os mesmo projetos de jogos, que tornam a matemática "divertida", estes condicionados as 4 operações ou a geometria espacial, ou ainda feiras que não tem um tema central, se escolhem temas ao acaso para os alunos apresentarem aos colegas. Esses projetos acabam por não atingirem os objetivos essenciais da aprendizagem e ainda limitam a Matemática a poucos conteúdos.
Que tal seria se juntássemos num mesmo projeto a Geografia com a Matemática para ensinar cartografia? Usando um mesmo tema os alunos teriam a oportunidade de enxergar as várias faces do conhecimento. E se confeccionássemos um projeto onde usamos Matemática, História e Geografia para ensinar sobre blocos econômicos e economia mundial? Teríamos aqui alunos que poderiam se interessar mais pelos conteúdos e por outras profissões a partir da aprendizagem em sala. E ainda podemos juntar Matemática, Ciências e Língua Portuguesa para um projeto de ecologia que calcula áreas de desmatamento, ou quantidade de lixo produzida pela cidade cruzando dados colhidos e fazendo projeções . A criatividade aflora quando saímos das disciplinas fechadas a abrimos as portas da escola para o mundo globalizado entrar.
Edgar Morin durante seu livro "Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro" fala sobre conceitos de multidisciplinaridade que consiste em aplicar conteúdos sem enquadrá-los especificamente em uma disciplina tradicional da grade curricular, construindo assim o saber para a vida, para o "mundo real", onde não conversamos por charadas ou separamos tudo em linguagens, matemática, ciências, história ou geografia. Neste texto a proposta ainda é em uma esfera menor a da interdisciplinaridade que organiza os temas e os adapta as disciplinas regulares contemplando a parte do conteúdo programático a ser estudado. Se os projetos de matemática forem elaborados nesta proposta a aprendizagem caminha para a solidez, para o reconhecimento e aquela pergunta "onde usaremos isto?" sairá do enredo das aulas.
Professor converse com seus colegas e se informe sobre os assuntos que fazem parte das ementas das outras disciplinas e principalmente projete mais, cada vez que você projeta com seus alunos uma nova janela de conhecimento se abre e suas aulas ficarão muito mais atrativas.
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