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sexta-feira, 18 de maio de 2012

A nova classe C

Outro dia acompanhei um programa de televisão que tratava de um fenômeno chamado "Nova Classe C". E vendo todas aquelas concepções positivas sobre a população brasileira e seu incrível poder de compra comecei a rascunhar uns pensamentos sobre a nossa sociedade.

Reconheço que o poder aquisitivo do brasileiro aumentou, uma vez que há alguns anos atrás antes do plano real tínhamos inflação, salários muito baixos, produtos e serviços absurdamente caros. Uma economia instável e dependente do FMI sacrificava os desejos de consumo e bem estar da classe trabalhadora. É verdade também que o povo brasileiro sofreu muito com os resquícios da ditadura militar e do congelamento do progresso, demoramos décadas para reconstruir o cenário que hoje é notado.

Os últimos 18 anos foram de suma importância para que o Brasil saísse do posto de "3° mundo", mas também é verdade que o mundo inteiro sofreu muitas mudanças e que a economia mundial foi ganhando novos nomes como China, que barateia preços e produz rapidamente novas ideias tecnológicas. Quem não lembra de pensar que equipamentos sensíveis ao toque eram coisas de filmes de Steven Spielberg? E que ter um telefone em casa era algo muito caro e inimaginável para pessoas assalariadas? 

Falar de economia em forma de linha do tempo é muito perigoso, pois a História não nos permite equalizar fatos e comparar etapas colocando cenários de 20 anos atrás equiparados aos dias atuais. A nova classe C me preocupa, pois induz à ilusão que somos mais felizes, que os problemas sociais estão resolvidos porque as pesquisas dizem que temos mais de 250 milhões de linhas de telefone celular. Ter mais celular que gente no país não significa que todo mundo tenha mesmo um aparelho em sua posse, sabemos que as médias aritméticas nos induzem a estimar esses dados, porém existem regiões no Brasil em que não há energia elétrica que é um recurso básico, existem famílias na extrema pobreza que mal têm o tradicional e básico feijão com arroz para comer para citar um exemplo de ampla desigualdade.
A nova classe C consome, trabalha muito mais hoje para consumir mais e isso para a economia soa muito bem, pois não importa como esse consumo é dado, como é distribuído e nem como foi produzido desde que o consumo seja tão aquecido como agora. A nova classe C é uma fatia enorme de pessoas consumistas  e que apesar de sua importância econômica não têm analisados os aspectos da qualidade de vida e do acesso aos pontos de participação efetiva na sociedade. Se pensarmos numa escala de classes sociais como subordinação, a nova classe C só é diferente da de 18 anos atrás porque possui celular, geladeiras, roupas mais caras, e dívidas a longo prazo, porém continua subordinada e manipulada pelas outras classes ditas dominantes que norteiam pontos estratégicos na sociedade como a política e os setores empresariais mais importantes do país.

Se falarmos apenas em economia está tudo certo, a classe C de hoje consome muito mais e tem uma ótima fatia de participação no giro comercial, porém o grande erro é confundir esse positivismo econômico com a melhora efetiva da qualidade de vida e da desigualdade entre os cidadãos brasileiros.

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