Ainda
pequena a criança recebe vários incentivos sobre as decisões que terá que tomar
no futuro quanto a sua profissão. A pergunta: “o que você quer ser quando
crescer?” é comum ser feita pelos pais e por professores para as crianças, mas
esta mera curiosidade deve ser ponderada.
A
relação da criança com uma futura profissão está ligada ao prazer de fazer
alguma atividade que goste geralmente relacionada às brincadeiras, então é
comum que queiram ser desenhistas, motoristas, médicas, professoras, a
profissão também tem uma relação de admiração com quem pratica tal atividade,
por exemplo, se o pai for médico e a criança tem uma relação de afetividade
intensa ela poderá querer ser igual ao pai.
Um
erro comum entre pais e professores é criar uma relação entre escola e “querer
ser alguém na vida”, é como se o principal objetivo de estudar seja ter uma
profissão em que se ganhe bastante dinheiro. Ouvíamos muito “se você não
estudar vai virar lixeiro” e hoje ouvimos “até para ser lixeiro precisa ter
ensino médio”. Essas frases, ditas na intenção de incentivar os estudos, na
verdade produzem no aluno efeitos negativos, relacionando algumas profissões ao
fracasso. Como se a pessoa que trabalha como lixeiro fosse alguém que não quis
estudar, alguém fracassado. Este conjunto de frases gera hostilidade, gera uma
expectativa de que basta estudar muito e pronto, logo as possibilidades de
fracasso acabam, e na verdade não funciona assim. Vivemos numa sociedade em que
não há oportunidades para todos, existem muitas pessoas com diplomas nas mãos
desempenhando funções que não dizem respeito à sua formação.
O
objetivo principal de estudar é adquirir conhecimentos, é aprender valores,
conhecer a História, contribuir com a sociedade, deve existir o prazer em
conhecer, em estar em comunidade, em compreender o ser humano. A profissão
também não pode estar ligada somente ao valor pago pela ocupação, existem atitudes profissionais não podem ser
monetizadas, e a ideia de valor é relativa, o mercado de trabalho segue uma
lógica própria que não depende só dos méritos da profissão, depende também do
cenário econômico e das necessidades atuais da sociedade.
Os
incentivos para estudar, fazer as tarefas, ir à escola devem vir por outros
caminhos, mostrar ao aluno como é bom estar na escola, os benefícios para ele
como ser humano e também ter uma escola atrativa, que produza atividades que
tenham sentido e que gerem prazer e que deem oportunidade de criar, desta
maneira construiremos conhecimento dentro e fora dos muros da escola gerando a
autonomia.
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