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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Protesto ou Vandalismo? - O Papel da Escola na Formação Política dos Alunos

Imagem retirada da internet.


A reportagem abaixo será utilizada para dissertar sobre a importância da escola no processo de  formação política de seus alunos.

"Quatro adolescentes de 16 e 17 anos foram apreendidos na noite desta quinta-feira (11) depois de colocar fogo em uma carteira dentro da escola. O fato, que aconteceu em São Roque, que fica a 62 quilômetros de São Paulo, teria sido um protesto dos alunos contra uma suspensão.
O fogo foi percebido por uma inspetora de alunos da EMEF Barão de Piratininga, que viu os quatro estudantes dentro da sala de aula. A carteira foi destruída e a sala parcialmente danificada. De acordo com a diretora da escola, Márcia Nunes, o fato vai ser investigado. "Os jovens têm uma maneira, muitas vezes, errada de reagir. Eles precisam de uma orientação correta", alerta.
A diretora explicou que os quatro alunos suspeitos do vandalismo tinham sido suspensos depois de pularem o muro da escola. Eles não teriam concordado com a punição e voltaram à sala de aula para protestar com o princípio de incêndio."
(Reportagem extraída do site www.uol.com.)


É
fato que desde as primeiras civilizações assistimos vários protestos feitos pela população em busca de seus ideais, direitos, liberdade, justiça, derrubada de governo etc. e claro muitos foram de grande benefício para a sociedade como um todo, apesar de alguma parte destes acabarem em confrontos violentos gerando batalhas sangrentas.
Nos últimos dias vários confrontos e movimentos populares tomaram as primeiras páginas de jornais do mundo inteiro, inclusive derrubadas de poder como no Egito onde o ditador Hosni Mubarak foi retirado do poder por uma multidão de civis de todas as classes sociais que inclusive se organizaram utilizando também as redes sociais como maneira de divulgar os protestos. Logo vimos na última semana  estudantes, professores e algumas autoridades saírem às ruas pedindo reformas educacionais de maneira pacífica e organizada no Chile, e em contrapartida em Londres, berço de grandes revoluções, assistimos um caos de vandalismo e de desordem que aparentemente começou com um protesto contra a morte de um jovem por policiais e que agora se espalha tresloucadamente deixando vários civis feridos e provocando vários saques, e há quem se pergunte o porquê de tanta "revolta sem causa". E quem não se lembra da recusa dos franceses contra as medidas de redução de salários e demissões em massa na última crise econômica?
No Brasil recentemente tivemos várias greves de professores espalhadas pelo país inteiro, onde explodiam notícias sobre o que se passava durante estas greves em jornais, revistas e principalmente na internet
Nossos alunos conectados a realidade do que acontece em todos os países do mundo, devido ao acesso a informações em tempo real, assistem a todos estes protestos, sagrentos ou não, que obtém sucesso ou não, e são invadidos pela sensação de que é necessário fazer valer a própria voz. . 
Voltando a reportagem acima, onde alunos "confudem" vandalismo com protesto para justificar a sua atitude de quase incendiar uma sala de aula por não concordar com a medida disciplinar que lhes foi aplicada, nota-se que esse combustível das últimas revoltas está alimentando o desejo de mudança ou contestação das "regras" o que é perfeitamente normal, pois o jovem tem esta característica de se opor ao regime, ao que lhe é dado como certo.
O ponto aqui, não é a inibição da contestação dos alunos e sim como devem proceder estes alunos quando desejam expressar sua opinião ou questionar por meio de protesto algo que lhe incomode ou vá contra sua ideologia, sem destruição de bens públicos ou privados ou mesmo violência contra outros cidadãos.
A Escola deve viabilizar maneiras de inserir em seu contexto a formação política de seus estudantes, esta  que muitas vezes se perde no meio das 'matérias do vestibular ', e quando se fala em formação política trata-se da abordagem de todos os assuntos relativos ao Estado, desenvolver junto com os alunos mecanismos de formação de opinião e expressão da mesma de maneira 'racional', ou seja que não tenha a violência como marca forte da expressão. A explanação e ênfase de protestos e movimentos sociais que alcançam seus objetivos sem agredir civis ou bens públicos ajuda na sedimentação do argumento que violência só gera mais violência.
Há de se falar também sobre a ponderação na definição sobre o que se quer questionar ou defender, ensinar em que consiste o sistema democrático faz com que haja a compreensão dos direitos e deveres de cada cidadão e seu papel seja ele representante do povo ou cidadão comum.

"A democracia constitui, portanto, um sistema político complexo,
no sentido de que vive de pluralidades, concorrências e
antagonismos, permanecendo como comunidade
."  EDGAR MORIN, pág. 105.

Em seu livro "Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro", Morin indica que a democracia deve ser ensinada na escola dentro da sua complexidade, enfatizando os direitos e deveres de um cidadão e assim prevenindo a distorção do conceito de poder do povo, priorizando o bem comum,  a sociedade e o direito de ir e vir, existir e escolher que cada um possui.

Movimentar os alunos em causas sociais, demonstração de opinião e busca dos próprios direitos, ensinando-os que Política não é apenas votar ou eleger-se representante do povo, e que cada vez que se consegue se fazer ouvir perante a sociedade  acarreta mudanças para todo o grupo e para gerações futuras, é mais que ensinar cidadania, é garantir uma significativa diminuição da violência e aumento da participação do cidadão jovem  na Política do Estado.

Um comentário:

  1. Gostei da ideia. Inclusive, o papel da escola deveria ser principalmente, a formação do cidadão e não mera preparação para o ingresso no nível superior.

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